1. Faça a sua própria pesquisa
Estar bem informada é meio caminho andado para um parto mais tranquilo. Zita West, a famosa parteira britânica autora de vários best-sellers sobre fertilidade, gravidez e parto, diz, no livro «Cuidar do bebé antes do nascimento» (Civilização Editora), que «a familiaridade» da mulher com «os padrões de comportamento em cada fase do parto dá-lhe uma melhor compreensão do que se está a passar com o seu corpo e como lidar com isso». Acrescenta a especialista: «Um planeamento prévio é mesmo importante». Isto porque, diz Zita West, se a mulher estiver em boa «forma mental», o parto será, seguramente, mais fácil.
Por isso: leia, estude e procure esclarecimentos sobre as várias opções de parto. Não espere que a informação lhe caia no colo, não dependa da paciência e da disponibilidade do seu médico e, sobretudo, não adie. Evite pensar que, sobre o parto, «logo se vê». O obstetra do Hospital de S. João Diogo Ayres de Campos defende que o «verdadeiro envolvimento na decisão sobre as intervenções de saúde só funciona quando as grávidas estão bem informadas das alternativas possíveis». O médico recomenda os sites da Cochrane Collaboration (http://www.cochrane.org/reviews/en/subtopics/87.html), «que contém resumos em linguagem simples dos melhores conhecimentos científicos actuais nesta área» e a página «Information for patients» do site do Colégio Inglês de Ginecologia e Obstetrícia (http://www.rcog.org.uk/).
No entanto, estar bem informada não significa, necessariamente, estar bem preparada. Ler todos os tratados de obstetrícia publicados até hoje não é, seguramente, o passaporte para o parto perfeito. Seja selectiva e comedida. Estude, mas relaxe. Questione, mas confie. A igualmente famosa obstetra inglesa Gowri Motha destaca, no livro «Método para um parto suave» (Estrela Polar), o «maior obstáculo» a uma boa experiência de parto: «duvidar de si própria». Escreve a médica: «Acha que vai conseguir? Se a sua resposta imediata for ‘não’, aquilo que tem de enfrentar e ultrapassar não é a química, mas o cepticismo».
2. Não vá às consultas sozinha
Pode parecer complicado, conseguir que o seu parceiro tenha sempre disponibilidade para a acompanhar ao médico, aos exames, às ecografias, às sessões de preparação para o parto. Mas insista, a gravidez não foi inventada para ser vivida apenas pela mulher. Se, por qualquer razão (o emprego, por exemplo), ele não puder mesmo ir, peça à sua mãe, ao seu irmão, à sua melhor amiga.
Frisamos este ponto, não apenas porque é bom partilhar emoções, mas, sobretudo, porque é útil estar mais uma pessoa no consultório. Essa pessoa pode colocar as questões que a grávida não se lembrou – ou não se sentiu à vontade – para colocar. Pode ajudar a desdramatizar a situação se o obstetra falar na necessidade de realizar uma amniocentese. Vestir a capa da racionalidade se os sentimentos tomarem conta do momento. Ou servir de porto seguro se alguma coisa estiver a correr menos bem com a gravidez.
Não faça cerimónia. Peça companhia para ir às consultas pré-natais.
3. Faça perguntas
Há que dizê-lo com frontalidade: mulher grávida é sinónimo de mulher vulnerável. Por mais pós-graduações que tenha, assim que entra no consultório do obstetra e mergulha na rotina de exames, medições e termos complicados, não há estudos que valham. As dúvidas, as inquietações, os medos surgem quase do nada.
Por vezes, a insegurança não permite sequer que a grávida coloque ao médico todas as perguntas que tinha em mente. É normal sentir este desassossego no peito. Mas, por mais ansiosa que esteja, não desista de fazer todas as perguntas que lhe assaltam o espírito. Mesmo aquelas (aparentemente) mais tontas: ‘quanto tempo dura a gravidez?’, ‘o que é uma contracção?’. Familiarize-se com conceitos como rompimento das membranas e episiotomia. Informe-se sobre os riscos e os benefícios da epidural.
Não tome nada como um dado adquirido. Se não perceber as explicações do médico à primeira, peça para ele a aclarar outra vez – não tenha vergonha de o dizer.
Depois de realizar uma ecografia, espere pelo momento em que já está vestida, frente-a-frente com o médico, para dissipar as dúvidas. Desta forma, estará mais atenta e sentir-se-á menos vulnerável.
Se o obstetra lhe propuser uma determinada intervenção (indução do parto, cesariana), tente perceber bem as razões e pergunte se não há procedimentos alternativos. Se lhe for pedido que assine um consentimento informado, leia o documento com atenção, sem pressas. Moral da história: não leve dúvidas para casa.
4. Seja diplomata
Nem sempre é fácil argumentar com um profissional de saúde. Muito menos quando se carrega um filho na barriga. A ansiedade, o medo, a ignorância em relação aos aspectos técnicos toldam o espírito crítico e a grávida acaba, muitas vezes, por dizer sim a tudo. Mesmo quando lhe apetece dizer não. O nosso conselho neste caso é muito simples: seja diplomata. Isto é, procure ser assertiva, sem ser agressiva. Nada de bom virá de um confronto com o seu médico ou com a parteira que a vai assistir na maternidade.
Se não concorda em absoluto com os procedimentos propostos pelos profissionais, procure apresentar uma solução alternativa. Resista à tentação de insistir que está no seu direito, que o parto é seu e que pesquisou exaustivamente sobre tudo. Por exemplo: se o obstetra lhe quer induzir o parto às 41 semanas (prática muito comum actualmente), mas essa não é a sua vontade, decline delicadamente (desde que o bebé esteja bem), sugerindo uma vigilância mais apertada nessa semana.
Ou se não deseja ter estudantes de medicina ou de enfermagem no seu parto, recuse a presença destes profissionais, argumentando que já há hospitais, caso do S. João, no Porto, onde não é permitido estar mais do que um estudante nos quartos de parto. Seja firme, mas serena. Acredite, é o melhor para si e para o seu bebé.
5. Tome as suas próprias decisões
Tomar decisões acerca do parto, «de forma consciente e informada», ajuda as mulheres a sentirem-se mais responsáveis pela sua própria vida. Nas palavras de Luísa Condeço, presidente da Associação Doulas de Portugal, essa atitude pró-activa dá à grávida uma sensação de poder e uma «vontade de crescer». Mesmo que o parto não corra como planeado, mesmo que o desfecho seja o contrário daquilo que se idealizou, «o caminho foi traçado pela mulher». E isso, só por si, é bom.
«Delegar é mais fácil», nota a doula. Dessa forma, «a mulher pode dizer que a culpa de ter tido uma má experiência de parto é dos outros» – do médico, das enfermeiras, dos familiares. Mas escolher é mais benéfico: «A evidência científica prova que quando a mulher tem possibilidade de escolha, e exerce esse poder, o parto decorre de forma mais positiva».
«Tomamos decisões em relação a quase tudo na vida – o marido, o emprego – mas deixamos o parto nas mãos de terceiros. Porquê?», questiona-se Luísa Condeço. A doula recomenda às grávidas que se informem sobre os vários aspectos do nascimento (posição para dar à luz, episiotomia, soro, cesariana, indução do trabalho de parto). Só assim poderão decidir, só assim poderão saber como gostariam de viver «um dos momentos mais transformadores das suas vidas».
Ter poder de decisão não é, contudo, igual a questionar constantemente a palavra do profissional de saúde que acompanha a gravidez ou que assiste o parto, alerta Luísa Condeço. Tem mais a ver com o «processo de descoberta individual do modo como se olha para o parto» do que com confronto de opiniões e ideais.
Um último conselho, acrescenta a doula, talvez o mais importante de todos: nunca é cedo demais para se começar a pensar no parto.
6. Escolha o médico e a maternidade
Não é preciso plantar-se à porta do médico assim que descobre que está grávida. Mas é importante pensar nisso e tentar perceber se o clínico que consulta habitualmente é o médico mais indicado para seguir a sua gravidez. Tem confiança nele? É acessível? É receptivo às dúvidas existenciais próprias de uma grávida? Responde claramente às suas questões? Sente-se à vontade para lhe fazer perguntas...? Depois, a eterna questão: ser seguida no sector público ou no privado?
Se optar pelo público, a vigilância da gravidez ficará a cargo, numa primeira análise, do médico de família. Em caso de necessidade (gravidezes de risco), a mulher é encaminhada para o hospital de referência. O parto poderá depois ser assistido na maternidade ou no hospital que a mulher quiser - um despacho de 2006, assinado pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos, consagrou às grávidas o direito de escolherem livremente o local onde desejam ter os seus filhos. Se o sistema privado lhe parece a melhor solução, terá de tentar encontrar um obstetra pelos seus próprios meios. O nosso único conselho é que procure um médico que saiba respeitar a sua vontade e que esteja disponível para as suas inquietações.
Quanto à escolha da maternidade, recomendamos vivamente que tenha uma atitude pró-activa. Visite as instalações, faça perguntas, solicite as estatísticas das cesarianas e dos partos induzidos, peça para ter acesso às condutas da unidade (orientações clínicas para o parto). Ficará a saber, por exemplo, que na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, a episiotomia é efectuada apenas em caso de necessidade e que, por norma, não são oferecidos ao bebé leite artificial e chupetas. Ou que no Hospital de S. João, no Porto, tem à sua disposição uma banheira para poder relaxar durante a dilatação e um quarto livre de intervenções clínicas desnecessárias se desejar ter um parto o menos medicalizado possível.
7. Escreva um plano de parto
Fazer um plano de parto é uma oportunidade para a mulher expressar os seus desejos, chamando si a papel principal durante o nascimento do filho. É sobretudo um pretexto para procurar informação sobre os procedimentos médicos e reflectir sobre eles. «Com o início das dores do trabalho de parto, podem perder-se algumas das capacidades de concentração, discernimento ou poder de transmissão destas ideias, pelo que a listagem prévia tem vantagens óbvias», defende Diogo Ayres de Campos.
No plano de parto, a grávida pode incluir tudo o que achar importante, mas é de bom-senso que o texto seja conciso e se restrinja àquilo que a mulher acha verdadeiramente relevante. Não deve ser visto como uma lista de exigências. Em todos os partos podem ocorrer imprevistos que obrigam a uma mudança de rumo. Se a mulher achar que os profissionais têm a obrigação de cumprir cegamente as medidas por ela enumeradas, podem surgir conflitos, o que prejudica a evolução do trabalho de parto.
A enfermeira do serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João, no Porto, Maria de Lurdes Francisco, alerta para a importância de o plano de parto não ser «rígido», sob pena de «não funcionar». Para a profissional, o mais importante é que a mulher procure informação e tome conhecimento das recomendações da Organização Mundial de Saúde para o parto. E que se prepare não apenas para o nascimento, mas sobretudo para a «parentalidade». «E isso inclui a gravidez, o parto e o pós-parto», sublinha.
A par dos médicos, os enfermeiros especialistas em Obstetrícia e Saúde Materna são os profissionais de saúde que mais podem ajudar as mulheres a planear o seu parto. Maria de Lurdes Francisco exorta as grávidas a procurarem estes especialistas nos centros de saúde ou nas unidades de preparação para o parto (públicas e privadas).
8. Escolha um acompanhante para o parto
Não pense nesta questão como estando resolvida à partida. O apoio contínuo de outra pessoa durante o parto é uma das circunstâncias mais determinantes de uma boa experiência. Não por acaso, o Instituto Nacional para a Saúde e Excelência Clínica (NICE), organização britânica de grande importância científica, incluiu este aspecto nas suas recomendações para o parto. Segundo o NICE, a presença e o apoio emocional de outra pessoa durante o parto reduzem os pedidos de analgesia e a probabilidade de o nascimento terminar em cesariana.
É, por isso, fundamental que a pessoa que vai estar ao lado da grávida compreenda exactamente a importância desta missão, defende Luísa Condeço. «Deve saber quais as necessidades básicas de uma mulher em trabalho de parto – silêncio, pouca luz, segurança e privacidade – e ter uma noção mínima do que é o nascimento», recomenda a doula. O acompanhante é uma espécie de «guardião» da vontade materna, deve, por isso, ser alguém «em quem a mulher confie incondicionalmente», acrescenta Luísa Condeço.
Se essa pessoa deve ou não ser o pai, a doula aconselha alguma reflexão: «Nem sempre o pai é a pessoa mais preparada, mais serena, e é importante que a mulher tenha ao seu lado alguém que sabe ao que vai». E com quem partilhe uma grande intimidade física: «No parto, não pode haver máscaras. A mulher precisa de se sentir livre para deixar o corpo falar. Se, por alguma razão, não tem esse nível de intimidade com o marido, não deve ter receio de dizer que prefere ter outra pessoa a apoiá-la no parto, como a mãe, a parteira ou uma doula».
9. Não tome decisões antecipadas em relação à epidural
A epidural é o mais método mais eficaz na eliminação da dor durante o parto. Por essa razão, muitas mulheres vão para o nascimento dos filhos com a decisão em relação a esta técnica anestésica já tomada. Para umas, é um sim inquestionável, para outras, um não absoluto. A enfermeira Maria de Lurdes Francisco recomenda alguma reflexão: «Em primeiro lugar, é preciso saber o que é a epidural. Quantas mulheres o sabem, na realidade? Depois é preciso conhecer os riscos para a mãe e para o bebé – há sempre riscos. E por último, é preciso desmistificar alguns medos, como o de não conseguir fazer força na altura da expulsão».
A informação sobre a epidural (efeito, contra-indicações) deve ser recolhida antes do parto, sublinha a especialista, mas a decisão só deve ser tomada na altura do nascimento. Não é possível antecipar a intensidade da dor de parto nem o nível de resistência da parturiente.
Quanto mais inflexível for a intenção da mulher em querer receber uma epidural, menos tolerante será em relação a qualquer sensação dolorosa durante o parto. Isto poderá levar a situações, diz Maria de Lurdes Francisco, em que a primeira coisa a ser exigida assim que chega à maternidade é a epidural. Sem pensar no resto.
O mesmo é válido para as mulheres que têm um sentimento oposto em relação à epidural. Por vezes, há factores que potenciam a dor: posição de parto, ambiente hospitalar, decisão de acelerar o nascimento com fármacos, trabalho de parto longo. Nestes casos, a técnica pode ajudar. O melhor é esperar para ouvir o que diz o corpo.
10. Prepare-se para os imprevistos
Não há dois partos iguais, costuma ouvir-se da boca de médicos e parteiras. E é bem verdade. Todos os nascimentos são imprevisíveis e podem terminar de uma forma muito diferente daquela que se idealizou. Embora seja essencial pensar no parto antecipadamente, planeá-lo, imaginá-lo, é importante que a grávida saiba que os imprevistos acontecem. E que, quando a experiência termina de uma forma radicalmente oposta à desejada, ela não falhou. Aconteceu.
Se treme só de pensar na possibilidade de o seu parto acabar em cesariana, aceite, mais uma vez, o nosso conselho: procure ter sempre um papel activo durante o parto (é para isso que tem lá o seu embaixador, lembra-se?). Desta forma, a decisão da cirurgia não será só do médico, mas sua também. E isso, garantimos, diminui a sensação de desapontamento.
Um último apelo:
se possível, deixe de trabalhar cedo. Vá para casa sonhar com o seu bebé, fazer bolos, dobrar roupinhas, preparar-se. Gravidez não é doença, dir-lhe-ão. Pois não. Mas é um estado físico e emocional incomparável, responda-lhes. Boa viagem.
Fonte: .paisefilhos.pt
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